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Últimas mesas do Seminário discutem educação inclusiva e políticas de avaliação
14.03.2014As mesas temáticas que marcaram o encerramento do VI Seminário de Estudos em Educação e Linguagem trouxeram debates importantes sobre a educação inclusiva e políticas de avaliação, além da leitura e linguagem oral em espaços escolares, não escolares e no campo. Com a presença de intérpretes de libras, que atuaram na acessibilidade comunicacional ao longo de toda a programação do evento, e a demonstração dos áudio-descritores, a mesa “Linguagem e Educação Inclusiva”, reuniu vários educadores e profissionais de áreas afins para se discutir a alfabetização e o letramento de crianças com deficiência.
A expositora Heloísa Andréia de Matos Lins (UNICAMP) destacou a importância da cultura visual para os surdos na apropriação da língua, mencionando que há uma falta de compreensão dos gestores em relação à história de letramento dos deficientes auditivos, que é diferente das pessoas ouvintes. “Precisamos reivindicar escolas e classes, de fato, bilíngues, com profissionais qualificados – sejam professores surdos ou bilíngues - responsáveis pela educação dessas crianças”, observou.
A professora Wilma Pastor (UFPE/CEEL) enfatizou a importância da educação bilíngue para o entendimento do mundo pelos surdos, esclarecendo que a língua de sinais deve ser considerada a primeira língua dos mesmos, e a língua oficial do país, a segunda. “É importante entender que elas são de naturezas diferentes e, por isso, as estratégias de ensino para os surdos devem ser diferentes. Por exemplo: uma parlenda pode fazer sentido para um ouvinte, mas não para um surdo”, explicou. Já Tícia Ferrro Cavalcante (UFPE/CEEL) finalizou a mesa, abordando o processo pedagógico e a deficiência cognitiva para crianças com síndrome de down. “Não existe receita pronta, o importante é construir uma pedagogia a partir as possibilidades e potencialidades de cada criança”, ressaltou a professora.
A mesa de encerramento do Seminário discutiu, por fim, as políticas de avaliação em linguagem, com as contribuições do coordenador de desenvolvimento de pesquisas no CENPEC, Antônio Batista, e os professores da UFPE/CEEL, Artur Gomes de Morais (UFPE/CEEL) e Magna do Carmo da Silva Cruz. Foram discutidos aspectos da eficácia e do papel das avaliações externas, a relação com os currículos, os indicadores e a participação dos docentes e gestores nos processos de construção.
“A avaliação sem clara e prévia definição do currículo é perversão pedagógica. Além disso, o estabelecimento de currículos implica negociação, e não imposição, como desejam muitos grupos privados”, observou Artur Morais. Ainda de acordo com ele, ainda que esteja se aprimorando, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa já representa uma novidade no que diz respeito à clara definição de direitos de aprendizagem para cada ciclo de alfabetização e levantou uma discussão importante do ensino e da avaliação da alfabetização em sentido amplo.
Sequências didáticas são destaques da manhã do último dia do Seminário
14.03.2014
Foto: Marcos Roberto
Foi com as boas vindas do conto poético “O trem de Ascenso e outras histórias”, que os participantes do VI Seminário de Estudos em Educação e Linguagem chegaram ao hall do Centro de Convenções de Pernambuco, nesta quinta-feira (13) pela manhã, para conferir o último dia de programação. As sequências didáticas e a ludicidade estavam entre os principais assuntos abordados nas apresentações.
Participaram dos relatos de experiências professores municipais de vários estados do Brasil, inclusive de zonas rurais. Havia expositores das Secretarias Municipais de Coruripe (AL), João Alfredo (PE), Nova Olinda (CE), Santana da Mangueira (PB), São Sebastião do Umbuzeiro (PB), Santa Cruz (PE), Maceió (AL), Cabo de Santo Agostinho (PE), Recife (PE), Olinda (PE), João Pessoa (PB), Caruaru (PE), Condado (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Camaragibe (PE), Santana do Ipanema (AL), Jupi (PE), Craíbas (AL), Amaraji (PE), Malta (AL) e Sertânia (PE).
No relato “Brincadeiras na Alfabetização”, a professora Albenice Rufino Alves falou da sua experiência positiva com o resgate de brincadeiras e brinquedos infantis entre alunos do 1° ano de São Sebastião do Umbuzeiro. “Os materiais do Pacto proporcionaram o uso de atividades diferenciadas, que podemos adaptar para diferentes séries”, ressaltou. Já a professora Jaciane Araújo, do município de Jupi, enfatizou a importância da ludicidade, com objetivo, adaptada ao contexto dos alunos. “Temos que saber adaptar o jogo à turma, às suas especificidades e diferentes níveis”, afirmou.
À tarde, a exposição de jogos mostrou como utilizar lógicas do boliche, bingo, dominó e amarelinha, na apropriação do sistema de escrita alfabética e na ortografia. Em seguida, as mesas temáticas abordaram a linguagem oral, educação no campo, leitura e educação inclusiva. A alfabetização e o letramento de crianças com deficiência foi destaque na mesa composta por Heloísa Andréia de Matos Lins (UNICAMP), Wilma Pastor (UFPE/CEEL) e Tícia Ferrro Cavalcante (UFPE/CEEL).
Seminário promove mais debates com mesas temáticas, comunicações e jogos
13.03.2014
Foto: Marcos Roberto
A tarde do segundo dia de programação do VI Seminário de Estudos em Educação e Linguagem trouxe centenas de palestrantes, expositores e ouvintes ao Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Após os 10 relatos de experiências docentes, marcados pela socialização entre os professores em relação às vivências nas formações do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, os participantes puderam conferir os jogos elaborados por alunos de Pedagogia da UFPE e UFRPE.
Cerca de 40 jogos didáticos, com ênfase na apropriação do sistema de escrita alfabética, na ortografia e na inclusão, estão sendo expostos ao longo do Seminário. De acordo com a estudante Lis de Gusmão Lino, que apresentou, juntamente com sua equipe, os jogos “Lacunado ortográfico” e “Trilha de rimas”, a iniciativa mostra como é importante trabalhar com conteúdos de alfabetização de forma lúdica, para se alcançar um melhor resultado. “É sempre bom reforçar esse recurso didático, tão importante e eficaz na prática do ensino”, observou.
À tarde, as mesas temáticas abordaram os seguintes assuntos: “Produção de textos em espaços escolares e não escolares”, com as professoras Otília Heinig (FURB), Cancionila Cardoso (UFMT) e Ana Lima (UFPE/CEEL); “Linguagem no contexto da Educação Infantil”, com Denise Carvalho (UFRN), Mônica Baptista (UFMG) e Alexsandro da Silva (UFPE/CEEL); “Literatura em espaços escolares e não escolares”, com Socorro de Fátima Barbosa (UFPB), Rildo José Mota (UFMG) e Ester Rosa (UFPE/CEEL); e “Linguagem no contexto da Educação de Jovens, Adultos e Idosos”, com Maria Estela Campelo (UFRN), Leila Loureiro (Prefeitura do Recife) e Andréa Brito (UFPE/CEEL).
Sobre a literatura no ciclo de alfabetização, a professora Ester Rosa ressaltou que os textos literários contribuem para ampliar o repertório linguístico dos leitores, favorecendo uma leitura autônoma, e que não basta que a literatura esteja presente na escola. “É preciso pensar nas mediações pedagógicas que favoreçam uma efetiva “educação literária” e as orientações pedagógicas do Pacto podem auxiliar nisso”, afirmou.
A programação do seminário seguiu, após as mesas temáticas, com 10 comunicações orais, que abordaram os assuntos: alfabetização e letramento, análise linguística e educação básica, condições de produção de textos na escola, formação de professores, leitura na escola, linguagem na educação de jovens, adultos e idosos, linguagem oral e ensino, literatura em espaços escolares e não escolares e recursos didáticos na alfabetização.
Na sessão “Leitura na Escola” – com as exposições “A recepção dos livros do PNLD-Obras complementares por crianças”, com Amanda Kelly Ferreira e Telma Leal (UFPE), “Práticas docentes no ensino de leitura e relações com o currículo oficial”, com Edla Ferraz (Faculdade Anchieta e Escola Conviver) – foi lembrada pela debatedora, a professora Francisca Izabel Pereira (UFMG), a pesquisa sobre a avaliação da leitura no Brasil, na qual se levantou que o principal agente de formação, que antes eram os pais, passou a ser os professores.
Ainda nessa comunicação, Amanda Ferreira apresentou os critérios que as crianças se utilizam para dizer se gostam de um livro ou não. “Aspectos como as ilustrações, as rimas e os efeito de humor são os destaques”, afirmou. Já a professora Edla Ferraz analisou as práticas dos professores de Camaragibe em relação ao currículo oficial no que diz respeito à leitura, mostrando mais encontros que desencontros, mas alertando também para a necessidade de se equilibrar a aprendizagem do sistema de escrita e o desenvolvimento das estratégias de leitura na formação do leitor.
Debates em mesas e oficinas encerram programação do primeiro dia de Seminário
12.03.2014
Foto: Marcos Roberto
Após a realização da mesa de abertura e a exposição de jogos didáticos, o VI Seminário de Estudos em Educação e Linguagem promoveu, nesta última terça (11), debates e trocas de experiências entre participantes e expositores das quatro mesas temáticas. Foram elas: “Alfabetização e Letramento”, com Margareth Brainer (UFRJ), Luciane Magalhães (UFJF) e Ana Carolina Brandão (UFPE); “Análise linguística na Educação Básica”, com Márcia Mendonça (UNICAMP), Clecio Bunzen Júnior (UNIVESP) e Ana Cláudia Pessoa (UFPE); “Linguagem, relações étnico-raciais e de gênero”, com Kassandra Muniz (UFOP), Jaileila de Araújo (UFPE) e Dayse Moura (UFPE); e “Linguagem e novas tecnologias”, com Danielle Rousy (UFPB) e Thelma Panerai (UFPE).
A Professora Jaileila de Araújo, que tratou das questões de gênero no âmbito do movimento juvenil do hip hop no contexto escolar, destacou a importância da perspectiva interseccional nesse debate, na tentativa de evitar o essencialismo e o determinismo. “As questões de gênero não são determinadas pelo marcador biológico e devem ser entendidas como categorias históricas. Devemos considerar os desdobramentos das desigualdades sociais que incidirão mais fortemente quando se está diante de mulheres que, por exemplo, são negras”, observou.
Ao final da tarde, foi a vez das atividades e discussões propostas pelas 12 oficinas do Seminário, com os seguintes temas: desafios da heterogeneidade no campo, música e dança, autobiografias no entendimento de si e do outro, leitura e escrita, obras complementares na alfabetização, livro de imagem, bibliotecas comunitárias, psicogênese, racismo e políticas de prisão, experiências de vídeo por professores, análise linguística e cartonaria. No auditório do Brum, onde se deu a oficina sobre a alfabetização em turmas multisseriadas, professores do Estado de Alagoas mostraram, com suas participações, que é possível e preciso, sim, alfabetizar no campo.
As professoras Carolina Figueiredo de Sá e Viviane Dourado (UFPE), que discutiram propostas para melhorias no ensino no campo, demonstraram otimismo diante das contribuições na oficina. “É gratificante ouvir depoimentos positivos dos professores em relação às heterogeneidades de saberes, culturas e idades das turmas multisseriadas, que - vale destacar – não são exclusivas delas; afinal, em turmas regulares isso também pode ser encontrado”, observou Carolina Sá.