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SELEÇÃO DE BOLSISTAS DE EXTENSÃO
17.02.2022Período de seleção:
- Inscrições: 18/02/2022 a 25/02/2022
- Resultado: 09/03/2022
- Início das atividades de estágio: 10/03/2022
Maiores informações e Inscrições no Edital em anexo.
SELEÇÃO DE BOLSISTAS DE EXTENSÃO Feira Territórios Interculturais da Leitura
01.12.2021A Feira Territórios Interculturais da Leitura é um encontro anual que objetiva promover debates no campo da biblioteca, da literatura e da leitura e procura mobilizar diversas ações que contribuam para uma sociedade cada vez mais leitora. Uma peculiaridade dessa Feira é seu enfoque nas mediações de leitura e no acesso público ao livro e à leitura, com destaque também para a produção autoral e editorial, especialmente de comunidades periféricas, mulheres e jovens.
Fruto de uma articulação interinstitucional mobilizada pelo Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL) a promoção da Feira envolve, desde sua primeira edição, o movimento de bibliotecas comunitárias, organizações culturais e governamentais. Em 2020, esta ação passou a integrar o Programa de Extensão "Bibliotecas comunitárias na UFPE e UFPE nas bibliotecas comunitárias", o que lhe assegurou uma maior vinculação institucional e ampliou seu alcance em termos de público.
Para enfrentar o desafio de formar leitores e de consolidar comunidades leitoras, além da mobilização de instituições formais como a escola e a biblioteca, é importante contar com a ampliação dos espaços de circulação de livros e do debate em torno da leitura, como é o caso da realização de Festas, Feiras, Festivais e outros encontros literários. Tais eventos podem compor um repertório de conexões entre a dimensão privada e intimista da leitura e as esferas públicas, criando oportunidades para o estabelecimento de vínculos de pertencimento e de participação democráticas.
A VIII Feira Territórios Interculturais de Leitura teve como tema: "Memórias literárias e tradição oral" e, em 2021, esteve integrada a 2 Festivais Literários e a 2 Festas Literárias. Iniciamos nossa programação com o 1º Festival Caranguejo Tabaiares (11 a 15/10) com uma homenagem ao educador Paulo Freire, em seu centenário, com o tema "O ato de ler na formação humana". Seguimos com o 1º Festival Xukuru, em Pesqueira (03 a 05/11), cuja programação girou em torno da "Leitura, Memórias e Histórias Xukuru do Ororubá". Na 5ª edição, a FLAL – Festa Literária do Alto do Moura (10 a 12/11) participamos de um amplo debate sobre "Memória, Música e Literatura". Por fim, festejamos a 5ª FLAL – Festa Literária do Coque (24 a 2/11), com muita "Literatura popular e oral de cordel".
Além dos encontros integrados, que impactaram seus territórios com atividades presenciais (seguindo protocolos sanitários estabelecidos para esse período de pandemia), também tivemos uma programação veiculada em plataformas virtuais, com a realização de 13 minicursos (com 477 participantes), 10 encontros temáticos, sessão de lançamentos, sarau e exibição de vídeos. O circuito infantil promoveu oficinas, live com Guardiãs da memória e crianças, circulação de 22 vídeos (com histórias, causos, parlendas...) e distribuição de 800 sacolas de leitura em 14 bibliotecas comunitárias, escolas Xukuru e bairro da Várzea. Nosso sebo virtual fez circular 200 livros a preços acessíveis.
Em 2021, ao escolher como tema "Memórias literárias e tradição oral" a Feira provocou um amplo debate acerca da importância da leitura para a constituição de identidades coletivas, com destaque para a cultura popular, os saberes dos povos originários, a diversidade étnico-racial e para as múltiplas linguagens artísticas e sua contribuição para a afirmação de valores humanos em uma sociedade inclusiva.
Nossa gratidão aos 43 integrantes das diferentes comissões organizadoras e aos 32 monitores (14 bolsistas de extensão e 18 voluntários) e aos 13 grupos que promoveram mais essa Feira, bem como aos diferentes apoiadores.
Ano que vem tem mais. Rumo à IX Feira...
Mais informações e registros em nossos canais eletrônicos
https://youtube.com/channel/UCf2NKAyOAsJgqL5Yoq_lfWQ
feiradeleitura_ufpe (Instagram)
@feiradeleituraceufpe (Facebook)
https://feiradeleituraceuf.wixsite.com/my-site-1 Circuito Infantil: o encontro com crianças e com a criança que há em nós
25.11.2021Mais uma vez, pelo oitavo ano consecutivo, o Circuito Infantil da Feira Territórios Interculturais de Leitura, nos rendeu momentos de muito encanto, literatura e brincadeiras, resgatando nossas memórias culturais e afetivas tão bem representadas na tradição oral.
Repetindo o formato híbrido, uma intensa programação circulou em redes sociais, com vídeos de mediação de leitura e encontros em tempo real com contadoras de histórias (adultos e crianças), além da distribuição de kits de literatura (nossas sacolinhas de leitura). Os vídeos com crianças contando histórias foi um sucesso, de uma beleza sem igual (a programação completa pode ser vista no Instagram: feiradeleitura_ufpe). Nossas parceiras e parceiros da contação de histórias, como sempre, nos encantaram com seus talentos e criatividade. Destacamos a participação de grupos queridos como A Voz na Praça, Grupo Guardiãs da Memória, Cia Palavras Andarilhas, Peixe Beta Espaço Cultural, contadores de história de diversos cantos da cidade e de outras cidades. Outras cidades, sim! Esse ano tivemos a participação de mediadores de leitura de vários municípios que compõem o Sistema de Bibliotecas Públicas Municipais de Pernambuco.
O Circuito Infantil representa um espaço de colaboração que congrega todas as pessoas envolvidas na Feira de Leitura. São muitas parcerias, muitos detalhes, cuidadosamente tecidos ao longo de meses para proporcionar um momento significativo com a literatura para nossas crianças. Um detalhe importante é que não são apenas as crianças das bibliotecas comunitárias que curtem esse momento. Nossas famílias e amigos cada vez mais ficam na expectativa pela programação, acompanhando, curtindo e compartilhando conteúdos de nossas redes sociais. E o mais importante: nossa "criança interior" se solta, trazida à festa pelo resgate de memórias de nossa cultura, histórias e brincadeiras de nossa infância e pela programação geral da Feira que, focando as memórias literárias de tradição oral, dialogaram permanentemente com nossas experiências de infância.
Celebrando esse evento tão especial, que já marca nosso calendário afetivo e literário, conseguimos novamente levar às crianças de 14 bibliotecas comunitárias, do bairro da Várzea e também do povo Xukuru (em Pesqueira) as Sacolas de Leitura, com obras literárias e materiais para desenho e pintura, embaladas com nosso carinho e enviadas em lindas mochilas feitas palas costureiras da Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares. Foi uma grande operação para que isso fosse possível: doações de livros, campanhas de arrecadação de recursos financeiros para tal propósito - vaquinha, sebo, leilão de obras de arte doadas por artistas parceiros, tudo isso feito de forma virtual!.
Parece mesmo que as sacolinhas vieram para ficar! Isso porque o Circuito Infantil já envolve as nossas crianças por inteiro, não resta mais dúvidas!
XEKER DE SEMENTE MÃE ZENILDA ACOLHE 1º FESTIVAL LITERÁRIO XUKURU
22.11.2021Xeker é um vocábulo remanescente da língua Xukuru que significa casa. Foi na Xeker de Semente Mãe Zenilda, cuja arquitetura em forma circular, com estrutura de tijolo aparente, ripas e caibros de madeira sustentando o telhado, que se conecta com a terra e a mata, que ocorreu nos dias 3, 4 e 5 de novembro/2021 o 1º Festival Literário Leitura, memórias e histórias Xukuru do Ororubá, cujo território se estende ao longo da serra do mesmo nome, no município de Pesqueira-PE.
A xeker fica na localidade chamada Curral de Boi, aldeia Boa Vista e tem quatro portais abertos para as quatro direções da rosa dos ventos. Os portais abrem espaço para varandas que se somaram às demais salas onde ocorreram, de forma simultânea, as denominadas Trilhas de Saber: oficinas de agricultura do encantamento; mediações de leitura; histórias dos guerreiros Xukuru; pinturas corporais com tintura de jenipapo; oficinas de cordel e outros escritos; rememoração e socialização dos vocábulos remanescentes do léxico Xukuru, como Xeker, Clarissi, (lua), toype (avós, mais velhos).
É como um templo a Xeker de Semente mãe Zenilda, onde a matriarca realiza diariamente sua tarefa de cuidar da terra, conforme os princípios da agricultura do encantamento, voltada para o compromisso de ensinar principalmente aos jovens como semear, cultivar, reflorestar, partilhar a colheita, coletivamente, alimentando o princípio básico da educação e identidade Xukuru. Entre os seus colaboradores se destaca Iran, o agrônomo, responsável pela Trilha que tratou desse tema.
Um auditório em formato de arena no centro da casa circular, mantém o piso de terra sobre o qual as pessoas mais velhas, especialmente a mãe Zenilda, costumam andar descalças. Ali ocorreram a abertura, as trilhas de saber e o fechamento do festival literário, com ritual de cânticos acompanhado de toque do membi e instrumentos percussivos, pedindo proteção aos encantados. Na sequência da abertura as falas de boas vindas do Cacique Marcos, e representante do CEEL, Carminha Bandeira, da Releitura Betânia Andrade e da BCCT Reginaldo Marques Pereira; e os depoimentos especialmente de professores e professoras realçando que desde o início da organização do COPIXO a literatura de resistência foi escolhida como um dos pilares da formação.
Na perspectiva da reconstituição das memórias literárias na formação e organização dos professores Xukuru, tanto o professor Eduardo Feitoza como a professora Márcia pontuaram o lugar da literatura nas escolas Xukuru, contribuindo para marcar o diferencial e a especificidade. Ambos se reportaram ao projeto de intercâmbio Recife x Xukuru, ocorrido em 2016, que selou definitivamente a parceria com o CEEL, ajudando a sistematizar e dar visibilidade aos projetos como Pé de Livro, De Mandaru a Tatuí, que foram realizados no conjunto das escolas contribuindo para o fortalecimento do povo e a unidade das escolas. Marcinha mais uma vez ressaltou o aprendizado referente à classificação dos livros nas estantes das bibliotecas, que foi recriado nas salas de leitura das aldeias usando os signos da cultura para orientar a busca: barretina, membi, entre outros.
O professor Adjailson fez uma regressão ao tempo da organização do COPIXO e se lembrou das malinhas de leitura distribuídas pelas oficinas de leitura do CCLF, que continham livros de literatura para crianças para circularem nas 25 escolas das aldeias à época. Três malinhas que circularam entre 1995-96 encontravam-se expostas numa das entradas da Casa de Semente e ele mostrou emocionado, alguns livros cuja leitura o marcaram profundamente e que ele usou para ler para as crianças e apoiar o processo de alfabetização: A margarida friorenta, Galileu leu e vida nas aldeias.
Momento de grande emoção ocorreu na Escola Membi, durante a homenagem póstuma à querida professora Roseli Cordeiro, uma guerreira, estimada por sua gente. Roseli faleceu de forma inesperada, há pouco mais de um ano, deixando duas filhinhas, uma ainda bebê, e a dor por essa perda ainda é muito sentida.
A programação da feira contemplou a inauguração da Sala de Leitura Roseli Cordeiro, que foi precedida de um ritual de despedida, que simbolizou o processo de encantamento: na frente de sua gente a amiga finalmente deixou o mundo dos vivos, virou história e permanecerá para sempre na memória. Que lugar melhor do que uma biblioteca, que ao receber o seu nome, passa a dar profundo sentido àquele momento carregado de tantos simbolismos?
Ali também Mãe Zenilda cumpriu a sua missão, de evocar, abraçar, consolar, a quem precisava de amparo para suportar a dor, pedindo, na hora certa: FORÇA TUPÃ. No final nos dirigimos à SALA DE LEITURA ROSELI CORDEIRO cuja foto sorridente e acolhedora nos recepcionou recebendo a doação dos livros.
O professor Eduardo Feitoza que respondeu pela coordenação geral do Festival representando o COPIXO (Comissão de Professores Indígenas Xukuru), formou dupla com o colega Átila e juntos conduziram com harmonia e eficácia a condução das atividades, combinando as tarefas de anfitriões e comunicadores na orientação dos participantes quanto ao desdobramento das atividades.
O público preferencial do festival foi constituído de estudantes, adolescentes e jovens das mais de trinta escolas das aldeias que se deslocaram de suas localidades para conhecerem a Casa de Semente e participarem das Trilhas de Saber, cumprindo dessa forma o objetivo estabelecido pelo coordenador: plantar no coração das crianças e das crianças e dos jovens as sementes dos saberes do seu povo; fortalecer os vínculos, aprender a ter orgulho de ser Xukuru.
O artista plástico e escritor Geraldo Bananeira responsável pela arte de identidade gráfica da feira, esteve presente relatando o processo de criação a apresentando outros livros de sua autoria: Urubinha e Ciclo das águas, que ele escreveu e desenhou partindo de uma estratégia que envolve a participação das crianças na criação coletiva das histórias.
Mais informações e imagens no instagram: festivaliterarioxukuru